quarta-feira, 10 de junho de 2009

Homenagens ao antigo endereço

TAPIOCARIA E CAFÉ MATUTO

( homenagem a essa tapiocaria, recentemente aberta em meu bairro)


Caminhando ostro dia
Lá nas rua do meu baijo
Dei de cara, de repente
Com uma coisa nuzitada!
Surpresa, eu espiei
Me cheguei mais de pertinho
Abismada com o cantinho
Parei em riba da calçada

Eu dimirei encantada
Aquela enfeitação
O cenáro era igual
Os que tem no meu sertão.
Num cordão dependurado
Tava os livrim de cordel
Na parede a empanada
Toda feita de fuxico
Menino, eu só acridito
Proque
meus óis espiava

Na coluna de tijolo
Prantada no mei da sala
Vejo outra invenção
Chapé de todo modelo
Colocado ali com zelo
De coro, com aba e sem aba
Tudo muito originá
Tudo muito criativo...
As banqueta de madeira
E mesinhas arrumada
Avistei também a rede
Pelos punho enrrolada
Num fartou nem o berrante
Pra lembrar das vaquejada.

Se escuta Luis Gonzaga
Ao som duma radiola
Ou o Trio Nordentino
Nos quatro canto tinindo
Triango, safona e zabumba
Crio inté calo na bunda
Sentada ali, só uvindo

Nada fica a desejá
De outras de grande porte
E digo é sem vacilá
Que tivemo muita sorte!
Tapioca aqui se tem
De gosto bem variado
Cafézin cuado na hora
Cuscuz gostoso e molhado.

O inventô que criou
Esse cantin só pra gente
Me deixou prá lá de contente
Com essa sua invenção.
E quando chego cansada,
De manhã, do meu serão
Oxente, num conto pipoca
Eu faço qui nem dondoca
Pego a vazia na mão;
Tenho gosto absoluto
E chego lá num minuto
Proque eu só compro lá.
E se quiser me acompanhá
TAPIOCARIA E CAFÉ MATUTO!
(Escrito por Lêda Bezerra de Menezes, Domingo, 31 de Maio de 2009)


Para nossa tristeza e tristeza de muitos, fomos forçados pela violência a sair deste endereço. Dai nossa poetisa traduziu seu sentimento com outra bela poesia.

POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR

(Despedida a Tapiocaria e Café Matuto)

Tal qual chora uma criança
Pela chupeta tirada,
Igual foi minha tristeza
Quando eu te vi fechada!

Tinha, aquele bandido
Que assim, de um modo tão bruto!
Assaltar à mão armada
A Tapiocaria e Café Matuto?

Em que mundo nós estamos?
Em que era nós vivemos?
Em que rumo nós marchamos?
Se nem viver nós podemos!!!

O medo e a insegurança
Te fez pensar sem demora
"Por motivo de força maior"
Do meu bairro foste embora...

E assim, fostes pra longe
Falta estás fazendo aqui
Trocastes o barulho dos carros
Pelas ondas do Icaraí.

Me resta ainda o consolo
De um dia, quem sabe lá?
Quando eu for a essa praia
Eu irei te visitar.

Adeus Tapiocaria
O suscesso te acompanha
Porque quem em Deus confia,
Suas bençãos sempre ganha!

Diz o dito: alegria de pobre
Dura pouco, muito pouco
Vai ficar só na saudade
Tapioca molhada no côco!
(Escrito por Lêda Bezerra de Menezes, Domingo, 10 de Junho de 2009)

O blog da Lêda é www.ledabmenezes.blogspot.com

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