Em 1930, João Pessoa, então presidente da Paraíba e candidato à vice-presidência da República na chapa de Getúlio Vargas, foi assassinado em Recife, por razões pessoais. Apesar disso, o pleito foi realizado na data aprazada, saindo vencedor o candidato paulista Júlio Prestes . Esse resultado não foi aceito por Getúlio e seus correligionários, que alegando a ocorrência de fraude na votação, incentivaram e promoveram rebeliões em vários estados, em um movimento golpista que acabou provocando a deposição do presidente Washington Luís, em 14 de outubro de 1930, e impedindo a posse do eleito.
Nomeado dias depois - 03 de novembro - pelos generais Tasso Fragoso, Mena Barreto, Leite de Castro e almirante Isaías de Noronha, como chefe de um governo provisório, Getúlio preocupou-se em substituir os presidentes estaduais nos quais não confiava, colocando no lugar de cada um deles, interventores que escolhia pessoalmente. Em 1934, convocada a Constituinte e elaborada uma nova Constituição para a República, Vargas foi eleito presidente pelos congressistas, para o quadriênio de 1934-38.
Em Minas Gerais falava-se no nome de vários possíveis candidatos ao cargo de interventor, entre eles o de Virgílio de Melo Franco e o do advogado Benedito Valadares Ribeiro (1892-1973), natural de Florestal, pequena cidade situada a 70 quilômetros de Belo Horizonte, mas residente em Pará de Minas, onde havia exercido sua profissão por longo período, até ser eleito vereador e depois prefeito municipal. Político extremamente ladino, muito experiente, e acima de tudo praticante exímio da difícil arte do não comprometimento, qualquer que fosse a situação, Valadares foi personagem principal de inúmeros casos interessantes, fictícios ou não, que corriam de boca em boca pelas alterosas.
Num deles, dizia-se que ao ser indagado sobre sua posição a respeito de determinado assunto relevante, ele respondeu com a maior seriedade: “Eu não sou contra, nem a favor, muito pelo contrário!” . O fato é que diante da hesitação do presidente em decidir qual seria o interventor mineiro, o povo temia que ele acabasse optando pelo pior de todos, e por isso se perguntava temeroso: “Será o Benedito?” .
E foi realmente. Em dezembro de 1933, Benedito Valadares tornou-se interventor em Minas Gerais, ocupando a chefia do executivo mineiro até 05 de novembro de 1945 (poucos dias depois da deposição de Getúlio Vargas), completando, portanto, um mandato de 11 anos consecutivos, façanha que provavelmente nenhum outro governador mineiro jamais alcançará. Desse fato histórico restou a expressão “Será o Benedito?”, usada sempre que alguém tem alguma dúvida sobre qualquer coisa.
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