O Ceará é um dos ``picos`` mundias do kitesurfe. Cerca de 10 mil estrangeiros chegam por ano ao Estado por conta do esporte.
Ventos constantes e de 20 nós (37,04 km/h). Água do mar a 27 graus. Litoral de 578 quilômetros. Pergunte a um estrangeiro que esteja no Ceará hoje no que essa combinação resulta e ele vai lhe responder, com certeza, ``kitesurfe``. Combinação perfeita que dá ao Estado o título de Havaí do Kite. ``Vim para o Ceará pela constância dos ventos. Quando se fala em kite, sempre se lembra daqui``, diz Vincent Dramdmeaison, 27, que saiu do Canadá para passar dois meses no Cumbuco só praticando o esporte.
O presidente da Associação de Kitesurf do Ceará (AKC), Humberto Ary, prefere chamar o Ceará de um dos havaís do kite, mas concorda que clima e temperatura permitem que o esporte se desenvolva naturalmente. ``O Cumbuco, por exemplo, é o que se tem de melhor para o kite. A variação de direção dos ventos não supera os 45 graus``.
O período que compreende os meses de julho a dezembro é o mais procurado. Exatamente porque as condições dos ventos e a temperatura permitem a prática do kite durante todo o dia. Daniel Udrija, 41, que cuida de uma das muitas escolas do esporte no Cumbuco, lembra que o período ``tem muito sol e não há incidência de chuvas``. O coordenador do Associação Brasileira de Ecoturismo e Esporte de Aventura no Ceará (Abeta/CE), Sérgio Matos Brito, ressalta que ``o Ceará é um dos destinos favoritos para os turistas porque tem um litoral que quase não varia em seus ventos, diferente até mesmo de outros Estados brasileiros``.
A AKC estima que cerca de 10 mil estrangeiros chegam ao Ceará, por ano só para praticar kitesurfe. Eles ficam, em média, entre dois e seis meses. A Secretaria de Turismo do Estado (Setur) não tem dados específicos sobre os kitesurfistas que chegam de fora, mas aponta que em 2008, 222.196 estrangeiros chegaram ao Ceará. Considerando a estimativa da Associação de Kitesurf, 4,5% desses turistas internacionais desembarcam no Ceará, por ano, por causa do kite.
``Na Europa, as ondas são pequenas porque o vento tem uma velocidade baixa. Pouco mais de 10 nós (18,52 km/h)``, diz Mário Porzio, 37, que veio da Itália, em 2001, para trabalhar com o esporte. Hoje, tem uma escola e uma loja de kite.
Praia à vontade
Atualmente, são 16 praias principais para o kitesurfe no Ceará. E em todas, é possível encontrar, pelo menos, uma escola para quem quer aprender. ``Dá gosto em fazer kite pelas condições daqui``, opina o cearense Livius Augusto, 15, kitesurfista desde os sete anos. ``No Cumbuco, são 300 kitesurfistas, por dia``, informa Humberto Ary.
E com a construção do novo aeroporto próximo à Jericoacoara a expectativa é de aumento no fluxo de turistas. ``A região ficará mais movimentada``, encerra Humberto. O certo é que, de um jeito ou de outro, o show de pipas e diferentes línguas continuará pelo mar cearense.
A Praia do Cumbuco é considerada uma das melhores do mundo para quem quer aprender kitesurfe. Este mês, o Mundial de Kite será lá.
E-MAIS
> No Ceará, um curso de kitesurfe com duração média de 10 horas/aula chega a custar até R$ 850,00.
> A temporada do kite no Ceará dura entre oito e nove meses. Geralmente, de julho a dezembro.
> O kitesurfe foi inventado em 1985 pelos irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoux.
> O Cumbuco é a melhor praia do Estado para praticar o esporte. Jericoacoara é o oposto. É apta, mas não tem a mesma constância de ventos.
> A Associação de Kitesurf do Ceará tenta criar o conceito de ``Estação do Kite`` para a Praia do Cumbuco.
> O Ceará já possui os seus destaques internacionais. Alexandre Goiaba, Tomáz Teixeira e José Evandro são os principais cearenses com futuro no esporte.
> Entre 29 de outubro e 8 de novembro, o Cumbuco recebe o Mundial de Kitesurfe. (Jornal O Povo, 25/10/09, Caderno Gol).
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